sexta-feira, 19 de novembro de 2010

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

domingo, 15 de agosto de 2010

Mito de Sísifo

Sisifo, de Tiziano Vecellio, 1548-1549.
Sísifo desafiou os deuses e quando capturado sofreu uma punição: para toda eternidade, ele teria de empurrar uma pedra de uma montanha até o topo; a pedra então rolaria para baixo e ele novamente teria que começar tudo... O ser que vive a vida ao máximo, odeia a morte e é condenado a uma tarefa sem sentido, como o herói absurdo. Não obstante, reconhecendo a falta de sentido,  ele continua executando sua tarefa diária... A mulher ainda está condicionada à realização de trabalhos infrutíferos, tal como Sísifo!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A fortiori


Sou premiado por amar você(...) Sou o que chamam de felizardo, por ser aquinhoado ao receber coisas que poucas pessoas se apercebem do valor, como filhos que nos amam, gente que nos apreciam e uma inveja que talvez não perpasse um escudo bom, malhado pelo ferreiro do acaso ou do dono e realizador do Universo.

Sou um alegre com e sem riso, vendo significado nas coisas mais banais, nas decepções, no eterno perguntar: que sentido tem esse beijo na boca? Que caminho o destino trilha sem que eu espere, aguardando o taxi que nunca vem e a demora que parece proposital para este ou aquele desígnio?

Vou aqui amando os dias, amando quem está dentro deles, os nãos e os sins... Não sou dono do meu caminho, apenas ando por suas veredas, pensando saber para onde vou mas sem uma bússola segura para me levar onde gostaria de ir.

Por vezes, sinto a rugosidade das estradas pedregosas, por outras, a mais lisa pista, com os mais belos ciprestes, pinheiros, sequóias... tudo o que o meu imaginário (?) puder supor, passando por mim, numa existência experimentada em alta velocidade.

Então vejo, pela janela, passar um milhão de amantes... Dona Leitura; Sua Alteza, o Vídeo; sua Santidade, o Vento Fresco da Manhã; Sua Excelência, o Sol; Sua Magnificência, a Profissão; Sua Raridade, o amor; Sua Majestade, Você.

sexta-feira, 2 de julho de 2010



    " Era uma vez... numa terra muito distante...uma princesa linda, independente e cheia de auto-estima. Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico... Então, a rã pulou para o seu colo e disse:
    - Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo. A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre...
    Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:
   - Eu, hein?... nem morta!"

quinta-feira, 17 de junho de 2010





As três corujinhas estão na minha sala
Só uma não fala, mas me vê
Só uma não escuta, mas fala
Só uma não enxerga, mas ouve
Todas são virtudes
Todas são você

segunda-feira, 14 de junho de 2010

E o sol da liberdade em raios fúlgidos...

E o teu futuro espelha essa grandeza...




Durmo
à toa
carrego em mim
o narcótico que me atordoa
que me intimida
ao tal ponto
que desfaleço

Durmo
a qualquer mimo
que sofro
a qualquer vento
desmaio
desmonto as folhas
como uma carreira de dominós
desmorona
ordenadamente
soldadinhos em forma
caindo com um peteleco

Pudica
enrubesço quase
ao toque de qualquer coisa

‘Sensitiva’
dizem sobre mim, à boca miúda
como se eu fosse uma vidente
destas que se enclausuram
após prever todas as tempestades

Bobagem
Apenas durmo
e sonho
sonhos verdinhos
que depois florescem

Spirito Santo 2007

quinta-feira, 1 de abril de 2010


Enquanto eu via o seu rosto
Esculpia preferências antes não existentes
Enquanto eu ouvia a sua voz
Enquadrava o som com a melodia
Compunha uma música que não ouvia
Mas sentia dentro do coração

sábado, 20 de março de 2010


Sinto uma falta imensa, de alguma fagulha de atenção ao que eu digo... 
Uma atenção sincera, não fabricada...
Sinto falta de ser atencioso, também.

Sinto falta do trânsito de idéias.
Do engarrafamento de palavras.
Da poluição santa de uma sampa que só encontro em você.
 
Multitude de interesses, perfumes, cheiros, olhares.
Caminhos e estacionamentos.
Sinto falta da delicadeza, do andar de pássaro, apropriado para quem vive voando.
 Vôo junto.
 
De que vale a vida, sem estar com os pés nas nuvens?
Sempre haverá uma corda presa à âncora do chão...
Então... 
Voemos.
Um lugar seguro, calmo e pacífico...
Como um lago sem vento
Para atirar a pedra e ver 
Os círculos se espraiando furiosamente.
Um pacífico e tenro lugar
Onde a fúria dos instintos
Temperada pelo amor 
E mexida pela natureza plácida 
Dos que se gostam, 
Há de se fazer presente... 
Numa receita irrepetível, 
Como a dos naturais cozinheiros 
Que nascem sabendo, 
Mas não repetem nunca o prato...
Como o rio, como nós.

segunda-feira, 15 de março de 2010


Uma mulher bonita não é aquela de quem se elogiam as pernas ou os braços, mas aquela cuja inteira aparência é de tal beleza que não deixa possibilidades para admirar as partes isoladas.

Séneca

quarta-feira, 10 de março de 2010


"Se eu pegar sua mão, pegue a minha e esqueça das palavras...
se for só olhar, sustente e fique ali, no momento, inebriante.
Se lhe disser pouco, entenda o muito que há por trás das parcas palavras...
se ficar rodando, andando à toa, pense que é um tempo só nosso, e que estamos apenas juntos e que o que se afigura estreito é largo no que poderá vir.
Se eu rir, será de prazer por estar ao seu lado.
Se ficar triste, será pela perspectiva de não lhe ver, tão cedo.
Se disser coisas sem sentido, entenda o sentido que eu estou tentando dar à minha própria vida... entenda a vida fazendo sentido."

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010


"Aprendi a não ter pressa.
Um dia, um canivetinho...
No outro, uma canetinha...
No outro, um verso de Pessoa...
Mais um dia, e uma criança passa e chama minha atenção...
Cada dia tem uma jóia...
Mas tem uma jóia sobre os dias...
Que ornam a coroa das semanas, meses e anos.
A jóia dessa coroa que governa nossos dias...
É a pessoa que mais importância damos para que eles transcorram de forma feliz.
Mas sem esperar muito... Pois a jóia é o que é.
Não o que queiramos que ela seja... 

Sem fantasiar muito, pois a jóia é linda pelo simples fato de ser linda...
Basta que aceitemos que ela fique onde já está...
Para, sem reclamar de mais nada, apenas respirar... apenas nos alimentar... e sentir o sabor e a brisa e a beleza... de estar ali... em frente à jóia... sem tocar ou tocando, mas vivenciando o prazer dela ser simplesmente o que é."

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Seu Manezinho tentou assistir a uma sessão do Senado / ÉRICO PENNA

SENADO BRASILEIRO, UMA VISÃO POPULAR / Charge por Kauer


Seu Manezinho tentou assistir a uma sessão do Senado, em Brasília. Foi barrado, na porta, porque não estava devidamente vestido. Olhei para o traje de seu Manezinho, que queria conhecer a dependência mais importante da casa: Uma calça comprida, sapatos vulcabrás bem polidos (um descascadinho aqui, outro ali... bobagem), meias, uma camisa social um pouquinho puída, muito bem-passada, branca, com todos os botões. Manezinho não tinha gravata, nem sabia que era obrigatório usar paletó, naquele respeitável recinto. Aliás, nunca usou paletó, nem quando casou, precisamente com aquela mesma roupa, de graça, quando por perto de seu pequeno sítio passou uma caravana da Justiça, e lhes disseram que oficializar a união com Zulmirinha não lhe custaria nada.

No lugar onde Manezinho não pôde entrar, por sua absoluta pobreza, discutia-se assuntos que lhe diziam respeito imediato. Manezinho, sem saber, pagava aquele pessoal todo quando comprava um quilo de feijão (quando dava), um tanto de café ou quando tinha de despender o que não lhe sobrava para pagar impostos territoriais ou coisa que o valha.

Interessante como se exige tanto do povo, e ao povo é dado tão pouco. Chamar seu Manezinho de Manoel dos Santos (afinal, o pai não o reconheceu e sumiu no mundo, quando Mané nasceu) não se reveste de nenhum sinal de respeito. Respeito é abrir ao povo os espaços que o povo tem, de direito. Respeito é dar a quem pede o que de direito.

Mas Manezinho não tem o acesso a um dos maiores direitos: informação. Não teve o acesso a outro direito fundamental: educação. Foi-lhe negado o direito à subsistência digna... não admira que Manezinho, assim conhecido pelo carinho dos que o prezam, desde a mal-nutrida infância, do que pelos seus parcos um metro e cinqüenta, ou do pouco que aufere de sua enxada e feijão que colhe.

Não admira que, a Manezinho, que tanto se perfumou para conhecer aquele imponente palácio, seja também negado o acesso, por ser extremamente pobre (e conseqüentemente não poder comprar um terno de 100 reais, nem conhece, entre os seus pares, quem possua um paletó velho com um pedaço pano que sirva de gravata), às dependências do salão de reuniões onde se deveria estar votando o destino de todos nós... Manezinho incluído, nisso tudo.

Nesse ínterim, gente que enverga os melhores trajes italianos, mas traz, em suas almas, e às vezes de forma desnudada, tudo que de pior existe, transita serelepe pelos corredores do Congresso. Deviam barrar a entrada dos espíritos imundos e não a simplicidade dos Manés. Não a ingenuidade dos Manés... Mas parece que Manés, todos somos, pelo tanto que nos é negado.

Parafraseando Jesus, bem-aventurados os lírios do campo. Não confabulam; não fazem leis... Entretanto, nem Salomão, nem Senador, Presidente ou Ministro se vestiu, na sua essência, como um deles... Manezinho é lírio do campo. Deviam aprender com ele. Com sua generosidade. Com sua hospitalidade. Com sua honestidade. Passaportes para o paraíso... mas insuficientes para garantir uma visita ao Senado. Lá... paletós e gravatas valem mais.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

"EU E O MAR" / Ezequiel Kisan

Eu e o mar

É uma relação passional
Foi amor a primeira vista
tudo no mar é sui generis
A água salgada, as ondas

Em suas águas em relaxo
Estou em sintonia com sua força
Suas nuances verde-azul turqueza
E suas espumas flutantes me fascinam

Que beleza da natureza
O mar e suas sutilezas
Suas criaturas são pura beleza
Um fenômeno da criação

Ele é o senhor dos continentes
Ao banhar suas costas
Enaltece seu nome na terra
despertando paixão nos seres humanos









"Nosso Trato"´- SONETO / Glória Salles





" Não Sou Santa" / Glória Salles







"O Abraço do Mar" - SONETO / Glória Salles