domingo, 20 de dezembro de 2009
Epicuro
"Quando dizemos, então, que o prazer é fim, não queremos referir-nos aos prazeres dos intemperantes ou aos produzidos pela sensualidade, como crêem certos ignorantes, que se encontram em desacordo conosco ou não nos compreendem, mas ao prazer de nos acharmos livres de sofrimentos do corpo e de perturbações da alma."
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
TORTURA / Florbela Espanca
Tirar dentro do peito a Emoção,
A lúcida Verdade, o Sentimento!
- E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza esparso ao vento!...
Sonhar um verso de alto pensamento,
E puro como um ritmo de oração!
- E ser, depois de vir do coração,
O pó, o nada, o sonho dum momento...
São assim ocos, rudes, os meus versos:
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!
Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isto que sinto!!
A lúcida Verdade, o Sentimento!
- E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza esparso ao vento!...
Sonhar um verso de alto pensamento,
E puro como um ritmo de oração!
- E ser, depois de vir do coração,
O pó, o nada, o sonho dum momento...
São assim ocos, rudes, os meus versos:
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!
Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isto que sinto!!
domingo, 15 de novembro de 2009
sábado, 14 de novembro de 2009
domingo, 8 de novembro de 2009
A Flor do Sonho / Florbela Espanca
A Flor do Sonho, alvíssima, divina,
Miraculosamente abriu em mim,
Como se uma magnólia de cetim
Fosse florir num muro todo em ruína.
Pende em meu seio a haste branda e fina
E não posso entender como é que, enfim,
Essa tão rara flor abriu assim!...
Milagre...fantasia...ou, talvez, sina...
Ó Flor que em mim nasceste sem abrolhos,
Que tem que sejam tristes os meus olhos
Se eles são tristes pelo amor de ti?!...
Desde que em mim nasceste em noite calma,
Voou ao longe a asa da minh'alma
E nunca, nunca mais eu me entendi...
sábado, 7 de novembro de 2009
Frémito do meu corpo... / Florbela Espanca
Frémito do meu corpo a procurar-te,
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel,
Doido anseio dos meus braços a abraçar-te,
Olhos buscando os teus por toda a parte,
Sede de beijos, amargor de fel,
Estonteante fome, áspera e cruel,
Que nada existe que a mitigue e a farte!
E vejo-te tão longe! Sinto a tua alma
Junto da minha, uma lagoa calma,
A dizer-me, a cantar que me não amas...
E o meu coração que tu não sentes,
Vai boiando ao acaso das correntes,
Esquife negro sobre um mar de chamas....
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel,
Doido anseio dos meus braços a abraçar-te,
Olhos buscando os teus por toda a parte,
Sede de beijos, amargor de fel,
Estonteante fome, áspera e cruel,
Que nada existe que a mitigue e a farte!
E vejo-te tão longe! Sinto a tua alma
Junto da minha, uma lagoa calma,
A dizer-me, a cantar que me não amas...
E o meu coração que tu não sentes,
Vai boiando ao acaso das correntes,
Esquife negro sobre um mar de chamas....
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Teu corpo seja brasa / Alice Ruiz
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
AMOR & SEXO / RITA LEE
Amor é um livro
Sexo é esporte
Sexo é escolha
Amor é sorte...
Amor é pensamento
Teorema
Amor é novela
Sexo é cinema...
Sexo é imaginação
Fantasia
Amor é prosa
Sexo é poesia...
O amor nos torna
Patéticos
Sexo é uma selva
De epiléticos...
Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Oh! Oh! Uh!
Amor é para sempre
Sexo também
Sexo é do bom
Amor é do bem...
Amor sem sexo
É amizade
Sexo sem amor
É vontade...
Amor é um
Sexo é dois
Sexo antes
Amor depois...
Sexo vem dos outros
E vai embora
Amor vem de nós
E demora...
Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Oh! Oh! Oh!
Amor é isso
Sexo é aquilo
E coisa e tal!
E tal e coisa!
Uh! Uh! Uh!
Ai o amor!
Hum! O sexo!
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
domingo, 11 de outubro de 2009
Sócrates - XXIII
Sócrates, antes de beber o veneno que o mataria, diz - Bebo aos deuses, para que protejam minha viagem. Caminha de um lado a outro e sente as pernas pesadas. Deita-se e espera a morte, que logo chega. Alguns de seus discípulos choram, mas ele pediu para que fossem fortes dizendo que desde o dia do seu nascimento a natureza o condenou à morte. O último pedido de Sócrates foi para Críton - Devemos um galo a Asclépio. Não se esqueça.
(Confúcio, parte III) Shu-Liang Ho tomou uma moça chamada Cheng-Tsai como sua concubina. Ela tinha 16 anos, ele tinha 70. Cheng-Tsai realizou o sonho de Shu-Liang, um filho saudável nascido certamente fora dos laços matrimoniais. Uma lenda antiga transformou seu nascimento extraordinário em um milagre. Segundo essa lenda, a mãe de Confúcio foi para a floresta e em seu sonho ela viu uma figura chamada Imperador Negro. Parecia ser a figura de um deus e, no sonho, eles se uniram e depois disso ela despertou e descobriu que estava grávida. Apesar das lendas fantasiosas, o bebê tinha uma aparência mais grotesca do que divina. Ele era grande e feio. Seu nariz era curvo e sua testa protuberante. Seu nome era Chiu, que significa morro ou montículo.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
O Professor
Esta digna profissão
Reconhecidamente nobre,
Faz o mundo Prosperar
Mas se o professor falhar
O mundo será mais pobre.
O professor é a base
Que constrói uma nação,
Transmite conhecimento
Vem dele o fundamento
Que forma o cidadão.
As Escolas estão perdendo
Professor preparado,
Com muita dedicação,
Que muda de profissão
Por ser mal remunerado.
Há caso em que o professor
Na Escola é agredido,
Passa até humilhação,
Por amor à profissão
No trabalho é coagido.
Chega a ser desumano
Infelizmente acontece,
Professor com depressão
Perde a concentração
Na profissão que exerce.
Sublime é o dom
Desta nobre missão,
De imenso valor
Mas para ser professor
Precisa ter vocação.
O que seria de nós
Se não fosse o professor,
Parava a educação
Não havia formação
E muito menos doutor.
Não estou vendendo ilusão
Apenas sou realista,
Reconheço seu valor
É graças ao professor
Que temos o cientista.
Um professor satisfeito
Trabalha com prazer,
Porque não vive estressado
E se sente compensado
Em ver o aluno aprender.
Nada é mais gratificante
Para um educador,
Que encontra um cidadão
Com uma boa formação
Abraçar seu professor.
Ele é o precursor
Do futuro da nação,
Faz o aluno aprender
Pois a chave do saber
Ele tem em suas mãos.
Quase sempre por amor
Abraça o magistério,
Continua estudando
Da vida nos ensinando
A desvendar os mistérios.
Vejo este profissional
Com grande admiração,
No labor do exercício
Me faz crer que o sacrifício
Deste herói não foi em vão.
de Edisio Araújo
domingo, 4 de outubro de 2009
Uma mulher / Bruna Lombardi
Uma mulher caminha nua pelo quarto
é lenta como a luz daquela estrela
é tão secreta uma mulher que ao vê-la
nua no quarto pouco se sabe dela
a cor da pele, dos pêlos, o cabelo
o modo de pisar, algumas marcas
a curva arredondada de suas ancas
a parte onde a carne é mais branca
uma mulher é feita de mistérios
tudo se esconde: os sonhos, as axilas,
a vagina
ela envelhece e esconde uma menina
que permanece onde ela está agora
o homem que descobre uma mulher
será sempre o primeiro a ver a aurora./
é lenta como a luz daquela estrela
é tão secreta uma mulher que ao vê-la
nua no quarto pouco se sabe dela
a cor da pele, dos pêlos, o cabelo
o modo de pisar, algumas marcas
a curva arredondada de suas ancas
a parte onde a carne é mais branca
uma mulher é feita de mistérios
tudo se esconde: os sonhos, as axilas,
a vagina
ela envelhece e esconde uma menina
que permanece onde ela está agora
o homem que descobre uma mulher
será sempre o primeiro a ver a aurora./
sábado, 3 de outubro de 2009
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
M. Foucault
"No interior das frases, ali mesmo onde a significação parece ter um apoio mudo em sílabas insignificantes, há sempre uma nomeação adormecida, uma forma que guarda fechado entre suas paredes sonoras o reflexo de uma representação invisível e todavia inapagável."
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
domingo, 9 de agosto de 2009
quinta-feira, 30 de julho de 2009
sábado, 25 de julho de 2009
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder
"No fundo da prática científica existe um discurso que diz: nem tudo é verdadeiro; mas em todo lugar e a todo momento existe uma verdade a ser dita e a ser vista, uma verdade talvez adormecida, mas que no entanto está somente à espera de nosso olhar para aparecer, à espera de nossa mão para ser desvelada. A nós cabe achar a boa perspectiva, o ângulo correto, os instrumentos necessários, pois de qualquer maneira ela está presente aqui e em todo lugar. Mas achamos também, e de forma tão profundamente arraigada na nossa civilização, esta idéia que repugna à ciência e à filosofia: que a verdade, como o relâmpago, não nos espera onde temos a paciência de emboscá-la e a habilidade de surpreendê-la, mas que tem instantes propícios, lugares privilegiados, não só para sair da sombra como para realmente se produzir. Se existe uma geografia da verdade, esta é a dos espaços onde reside, e não simplesmente a dos lugares onde nos colocamos para melhor observá-la (...)"
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. 9 ed. Tradução Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979,
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. 9 ed. Tradução Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979,
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Io, filha de Ínaco / Prometeu Acorrentado (Ésquilo)
Como poderia deixar de cumprir vosso desejo? Ouvi, pois, a história que tanto desejais conhecer, embora muito me custe recordar a causa do flagelo com que o céu oprime, e da horrível transformação que tenho sofrido. Quando, no recesso de meu retiro virginal, ainda os sonhos me deleitavam, uma voz insidiosa me dizia: "Ò ninfa ditosa, por que insistes em conservar sua virgidade, se podes realizar o mais glorioso himeneu? Por ti arde Júpeter na chama do desejo; contigo ele quer fluir os prazeres do amor. Filha de Ínaco, não desprezes o amor de Júpiter; corre às plagas de Lerna, àquelas campinas irrigadas por teu pai, e cede ao olhar amoroso de um deus que te adora". Pobre de mim! Tais eram os sonhos que me perseguiam todas as noites. Resolvi, finalmente, cientificar meu pai do que se passava. Ele enviou mensageiros a Pitos e a Dodona, a fim de indagar o que era mister para agradar aos deuses. Por algum tempo não obteve senão respostas ambíguas, cujo sentido se ocultava sob a mais impenetrável obscuridade. Deram-lhe, por último, uma decisão oracular determinando que eu fosse expulsa de minha casa e de minha pátria, e condenada a vagar sem rumo aos confins do mundo. Se meu pai não obedecesse, Júpiter desfecharia raios fulminantes, que destruiriam totalmente a nossa raça. Cumprindo esse oráculo de Apolo, meu pai obrigou-me a partir para longe, em doloroso exílio. Ele assim agiu, eu bem sei, contra a sua, e a minha vontade; mas o poder de Júpiter o forçou a praticar tamanha violência. Desde logo minha razão e meus traços fisionômicos se alteraram: apontam estes chifres em minha fronte; um moscardo me fere com seu ferrão agudo... Aos saltos, numa corrida louca, atirei-me à corrente benéfica do Cencreia, e procurei a fonte mais alta do Lerna. Um cão pastor, filho da terra, o impiedoso Argos, seguia-me por toda parte, observando-me com seus inúmeros olhos. Inesperado golpe privou-o, de repente, da vida; mas o terrível inseto, flagelo divino, continuou a perseguir-me, expulsando-me de um país para o outro. Eis o que tem sido minha sorte até o presente momento; visto que sabes o que ainda me resta a sofrer, dize-me: eu te peço! Não me iludas com uma mentira... Trair a verdade é o mais vergonhoso dos vícios.
terça-feira, 23 de junho de 2009
domingo, 21 de junho de 2009
"Denunciei a fome como flagelo fabricado pelos homens, contra outros homens". JOSUÉ DE CASTRO
Um brasileiro cuja trajetória de vida merece ser lembrada. Médico, escritor, político, professor, cientista social, um homem de múltiplos saberes e de ações que sempre visavam atender os anseios dos mais pobres, especialmente daqueles que enfrentavam o problema da fome e suas conseqüências.
Entendia que o desequilíbrio, provocado pela desigualdade econômica, poderia ocasionar mais estragos para a humanidade do que as diferenças ideológicas. “O que divide os homens não são as coisas, são as idéias de que eles têm das coisas, e as idéias dos ricos são bem diferentes das idéias dos pobres”, pregava, com surpreendente clareza, para os tempos da guerra fria.
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