terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A arte de amar ( 1 a.C ) / Públio Ovídio Nasão

(...) Ia terminar aqui, mas o coração das mulheres é muito variável; acharás mil gênios diferentes; emprega pois mil modos diferentes para conquistá-las. A mesma terra também não se adapta a todos os frutos: esta convém à vinha, aquela à oliveira e outra ainda oferece fartas searas.
Há tantos gênios diferentes quantos rostos. O homem sensato se amoldará a essas numeráveis variedades de caracteres; como Proteu(deus marinho, famoso pelos seus oráculos e pelas suas espantosas metamorfoses), ora se transformará em mansa onda, ora será um leão, uma árvore ou um hirsuto javali. O peixe ora é apanhado com fisga, ora com anzol, ou então com redes puxadas por uma corda tensa.
Tampouco é conveniente usar o mesmo método para todas as idades; uma velha corça descobre a armadilha de longe; se te mostrares muito sabido para uma noviça ou muito atirado para uma pudica, elas desconfiarão de ti e se afastarão. Com isso, muitas vezes, a mulher que teme entregar-se a um homem de bem, se deixa cair vergonhosamente nos braços de quem não a merece.

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