sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010


"Aprendi a não ter pressa.
Um dia, um canivetinho...
No outro, uma canetinha...
No outro, um verso de Pessoa...
Mais um dia, e uma criança passa e chama minha atenção...
Cada dia tem uma jóia...
Mas tem uma jóia sobre os dias...
Que ornam a coroa das semanas, meses e anos.
A jóia dessa coroa que governa nossos dias...
É a pessoa que mais importância damos para que eles transcorram de forma feliz.
Mas sem esperar muito... Pois a jóia é o que é.
Não o que queiramos que ela seja... 

Sem fantasiar muito, pois a jóia é linda pelo simples fato de ser linda...
Basta que aceitemos que ela fique onde já está...
Para, sem reclamar de mais nada, apenas respirar... apenas nos alimentar... e sentir o sabor e a brisa e a beleza... de estar ali... em frente à jóia... sem tocar ou tocando, mas vivenciando o prazer dela ser simplesmente o que é."

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Seu Manezinho tentou assistir a uma sessão do Senado / ÉRICO PENNA

SENADO BRASILEIRO, UMA VISÃO POPULAR / Charge por Kauer


Seu Manezinho tentou assistir a uma sessão do Senado, em Brasília. Foi barrado, na porta, porque não estava devidamente vestido. Olhei para o traje de seu Manezinho, que queria conhecer a dependência mais importante da casa: Uma calça comprida, sapatos vulcabrás bem polidos (um descascadinho aqui, outro ali... bobagem), meias, uma camisa social um pouquinho puída, muito bem-passada, branca, com todos os botões. Manezinho não tinha gravata, nem sabia que era obrigatório usar paletó, naquele respeitável recinto. Aliás, nunca usou paletó, nem quando casou, precisamente com aquela mesma roupa, de graça, quando por perto de seu pequeno sítio passou uma caravana da Justiça, e lhes disseram que oficializar a união com Zulmirinha não lhe custaria nada.

No lugar onde Manezinho não pôde entrar, por sua absoluta pobreza, discutia-se assuntos que lhe diziam respeito imediato. Manezinho, sem saber, pagava aquele pessoal todo quando comprava um quilo de feijão (quando dava), um tanto de café ou quando tinha de despender o que não lhe sobrava para pagar impostos territoriais ou coisa que o valha.

Interessante como se exige tanto do povo, e ao povo é dado tão pouco. Chamar seu Manezinho de Manoel dos Santos (afinal, o pai não o reconheceu e sumiu no mundo, quando Mané nasceu) não se reveste de nenhum sinal de respeito. Respeito é abrir ao povo os espaços que o povo tem, de direito. Respeito é dar a quem pede o que de direito.

Mas Manezinho não tem o acesso a um dos maiores direitos: informação. Não teve o acesso a outro direito fundamental: educação. Foi-lhe negado o direito à subsistência digna... não admira que Manezinho, assim conhecido pelo carinho dos que o prezam, desde a mal-nutrida infância, do que pelos seus parcos um metro e cinqüenta, ou do pouco que aufere de sua enxada e feijão que colhe.

Não admira que, a Manezinho, que tanto se perfumou para conhecer aquele imponente palácio, seja também negado o acesso, por ser extremamente pobre (e conseqüentemente não poder comprar um terno de 100 reais, nem conhece, entre os seus pares, quem possua um paletó velho com um pedaço pano que sirva de gravata), às dependências do salão de reuniões onde se deveria estar votando o destino de todos nós... Manezinho incluído, nisso tudo.

Nesse ínterim, gente que enverga os melhores trajes italianos, mas traz, em suas almas, e às vezes de forma desnudada, tudo que de pior existe, transita serelepe pelos corredores do Congresso. Deviam barrar a entrada dos espíritos imundos e não a simplicidade dos Manés. Não a ingenuidade dos Manés... Mas parece que Manés, todos somos, pelo tanto que nos é negado.

Parafraseando Jesus, bem-aventurados os lírios do campo. Não confabulam; não fazem leis... Entretanto, nem Salomão, nem Senador, Presidente ou Ministro se vestiu, na sua essência, como um deles... Manezinho é lírio do campo. Deviam aprender com ele. Com sua generosidade. Com sua hospitalidade. Com sua honestidade. Passaportes para o paraíso... mas insuficientes para garantir uma visita ao Senado. Lá... paletós e gravatas valem mais.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

"EU E O MAR" / Ezequiel Kisan

Eu e o mar

É uma relação passional
Foi amor a primeira vista
tudo no mar é sui generis
A água salgada, as ondas

Em suas águas em relaxo
Estou em sintonia com sua força
Suas nuances verde-azul turqueza
E suas espumas flutantes me fascinam

Que beleza da natureza
O mar e suas sutilezas
Suas criaturas são pura beleza
Um fenômeno da criação

Ele é o senhor dos continentes
Ao banhar suas costas
Enaltece seu nome na terra
despertando paixão nos seres humanos









"Nosso Trato"´- SONETO / Glória Salles





" Não Sou Santa" / Glória Salles







"O Abraço do Mar" - SONETO / Glória Salles



terça-feira, 16 de fevereiro de 2010




A arte de amar ( 1 a.C ) / Públio Ovídio Nasão

(...) Ia terminar aqui, mas o coração das mulheres é muito variável; acharás mil gênios diferentes; emprega pois mil modos diferentes para conquistá-las. A mesma terra também não se adapta a todos os frutos: esta convém à vinha, aquela à oliveira e outra ainda oferece fartas searas.
Há tantos gênios diferentes quantos rostos. O homem sensato se amoldará a essas numeráveis variedades de caracteres; como Proteu(deus marinho, famoso pelos seus oráculos e pelas suas espantosas metamorfoses), ora se transformará em mansa onda, ora será um leão, uma árvore ou um hirsuto javali. O peixe ora é apanhado com fisga, ora com anzol, ou então com redes puxadas por uma corda tensa.
Tampouco é conveniente usar o mesmo método para todas as idades; uma velha corça descobre a armadilha de longe; se te mostrares muito sabido para uma noviça ou muito atirado para uma pudica, elas desconfiarão de ti e se afastarão. Com isso, muitas vezes, a mulher que teme entregar-se a um homem de bem, se deixa cair vergonhosamente nos braços de quem não a merece.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Amoedo Rodolfo



Amoedo, Rodolfo
Estudo de Mulher , 1884
óleo sobre tela, c.i.d.
150,5 x 200 cm
Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro, RJ)
Reprodução fotográfica autoria desconhecida